quarta-feira, 5 de maio de 2010

O senhor de bengala

É estranho como as coisas mudam em segundos. Basta uma única imagem para algo afetar, mudar. Tudo estava ótimo e lindo hoje cedo, porém, ao ver um senhor no semáforo de bengala, pedindo esmola, meu humor de alegre foi para triste.
Nesse mesmo momento me peguei pensando que provavelmente será mutio difícil fazer algo por alguém, já que não consigo ver uma cena dessa - cada vez mais "comum", nas ruas de qualquer cidade. Pensei que será difícil eu conseguir ajudar se me abalo tanto. Mas ao mesmo tempo não consigo me imaginar parada pelo resto da vida, sem estender minha mão (e minhas ideias, conhecimento e vontade) a alguém.
Quero poder fazer algo. Quero poder me mexer. Depende só de mim.

Fico pensando como esse tipo de situação chega no coração, na alma, no raciocínio das pessoas. De toda e qualquer pessoa.

Já não estou tão triste pela cena que vi. Mas ainda me sinto culpada por estar aqui, bem, saudável, disposta pra vida, sabendo que vou almoçar gostosinho em poucas horas. Que tenho meu tetinho guardado com tanto amor. E esse senhor? Pra onde ele vai? Ele vai comer? Ele tem um teto guardado com amor? O que se passa no coração dele? Onde ele encontra sua dignidade? Ele tem trabalho, família, amigos? Qual é o ir e vir dele? O que posso fazer por ele?

Quantos deles há no mundo? Quantos deles há em cada semáforo, esquina, praças? Por onde começar? Quando eles serão notados? Eles já são notados? Sei que muita gente nota e faz, e acho isso fantástico. Quando isso será coletivo, geral, abrangente?

Só esse tipo de sentimento que tenho não resolve NADA. É preciso fazer algo.

Que esse senhor e tantos outros encontrem seu caminho e nele muitas pessoas (eu, inclusive) e vias de acesso à dignidade.

4 comentários:

  1. Alguns dizem que os moradores em situação de rua transformam o cenário de nossas cidades, MENTIRA, a grande maioria nem os nota. Quando os notam é tão rápido, o tempo de tirar um trocado do bolso ou do console do carro para se livrar logo do inconveniente.
    A ver dade é que Jundiaí têm muitas pessoas nessa situação, para constatar você pode visitar a Praça da Bandeira, o coreto da igreja da Vila Arens, ali próximo ao mercadão, na nossa famosa “Ponte Torta”, a Ponte São João (bem no Russi) entre outros cantos da cidade. É claro que há fluxo de “mendigos” (nem sempre pessoas em situação de rua) nos semaforos das regiões centrais e mais elitizadas, 9 de julho, Pirapora, V. Arens etc.
    Esse encomodo que você senti Ka é raro, esse impulso de transformar isso é mais raro ainda. Bom, a parte educativa do texto: Primeiro, existem pessoas em situação de rua e em risco de rua (se algum trabalho fosse feito com essa pessoa que encontra-se em risco de rua, logo não se contextualizaria a segunda condição). Segundo, muitas pessoas estão na rua por opção (dá pra acreditar? Mas é a mais pura verdade, pode parecer cruel o que irei dizer, mas é a verdade mais pura e sincera, é cômodo para muitaaaa gente continuar na rua, principalmente pessoas que estão viciadas no alcool e em outras droga, e mesmo a família dando todo o apoio, aporte necessário, essa pessoa não quer se tratar. A rua pode parecer um cenário cruel e é, muitas vezes, mas também existe dentro de cenário organização, cuidado mútuo, liberdade e uma série de outras facilidades, como projetos que sustentam essas pessoas e situações todos os dias da semana. Segunda é sopa, terça é marmitex, quarta é pão e leite, quinta é sopa, sexta é marmitex.
    Em muitos casos, se você parar pra conversar com uma pessoa em situação de rua e convidá-la para ir até o SOS tomar um banho, dormir em uma cama, vai ouvir um NÃO categórico. Experiência que eu já vivi. A justificativa: Lá eu não posso fumar, não posso beber, tenho que tomar banho para dormir, eu prefiro ficar aqui mesmo. Outra situação, uma experiência quando era voluntária no operários da verdade ás sextas feiras no trabalho com moradores em situação de rua. Chegavámos com o pão e o leite que era só uma ponte para o trabalho real que, pra mim, era identificar a causa dessa situação, saber se a pessoa tinha sua documentação ok, se estava disposta a mudar de situação e contatar a família, e ouvia o seguinte, “eu tô bem aqui, ninguém enche meu saco, não tenho que aturar minha mãe, padastro, pai, irmã “ (qualquer parente que fosse), isso quando os encontravamos na cidade, porque muitos deles depois que comem e se alimentam recolhem-se em pontes, terrenos, casas abandonadas para dormir, e as vezes o trabalho de outro grupo cruzava o nosso trabalho, quando passavamso por volta das 21:00 22:00 horas, quase todos já haviam se alimentado e partido, apenas ficavam os que tinham perdido o “grupo de apoio” anterior . Nós eramos chamados e amarelinho!

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  2. Como tratar essa situação com medidas transformadoras? Sinceramente, só que pode dar o caminho é o morador que está em situação de rua, e acredite muitos deles não vão querer mudar, além do vicio a auto punição é também um motivo que os leva para a rua, se fizerem uma pesquisa irão constatar que muitos moradores têm passagem coma policia, que cumpriram suas penas e nunca mais procuraram a família, (por motivos dos mais diversos), você vai encontrar pessoas que estão tão magoadas com traições, violênicas de padastros, pais familiares em geral, que preferem morrer de fome, frio a predoar essas violências, você irá encontrar pessoas que gostam das facilidades, que se acomodaram, vai surgir cada história, eu mesma já conheci pessoas doutoradas em situação de rua por opção. Nem todos são coitadinhos, alguns são aposentados, recebem suas aposentadorias, guardam seus documentos em postos de gasolinas, com pessoas amigas e mesmo assim moram na rua. É um problema pra você, é um problema pra mim, mas nem sempre é um problema para a pessoa que se encontra nessa situação.
    Eu acho que deveriamos mudar alguns padrões de ações, ao invés de SOS, deveriamos criar “Casas da Cidadania”, com intervenções mais psicossociais e menos assistencialistas, terapias ocupacionais que gerem renda, trabalhos que resgatem e fortaleçam a dignidade humana, mas de nada adiantaria se esse trabalho não fosse desenvolvido em rede, NA, AA e outros grupos que dão apoio. Isso não é um trabalha para um ou outro, é um trabalho para todos.
    Grande abraço
    Fer

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  3. Alguns dizem que os moradores em situação de rua transformam o cenário de nossas cidades, MENTIRA, a grande maioria nem os nota. Quando os notam é tão rápido, o tempo de tirar um trocado do bolso ou do console do carro para se livrar logo do inconveniente.
    A ver dade é que Jundiaí têm muitas pessoas nessa situação, para constatar você pode visitar a Praça da Bandeira, o coreto da igreja da Vila Arens, ali próximo ao mercadão, na nossa famosa “Ponte Torta”, a Ponte São João (bem no Russi) entre outros cantos da cidade. É claro que há fluxo de “mendigos” (nem sempre pessoas em situação de rua) nos semaforos das regiões centrais e mais elitizadas, 9 de julho, Pirapora, V. Arens etc.
    Esse encomodo que você senti Ka é raro, esse impulso de transformar isso é mais raro ainda. Bom, a parte educativa do texto: Primeiro, existem pessoas em situação de rua e em risco de rua (se algum trabalho fosse feito com essa pessoa que encontra-se em risco de rua, logo não se contextualizaria a segunda condição). Segundo, muitas pessoas estão na rua por opção (dá pra acreditar? Mas é a mais pura verdade, pode parecer cruel o que irei dizer, mas é a verdade mais pura e sincera, é cômodo para muitaaaa gente continuar na rua, principalmente pessoas que estão viciadas no alcool e em outras droga, e mesmo a família dando todo o apoio, aporte necessário, essa pessoa não quer se tratar. A rua pode parecer um cenário cruel e é, muitas vezes, mas também existe dentro de cenário organização, cuidado mútuo, liberdade e uma série de outras facilidades, como projetos que sustentam essas pessoas e situações todos os dias da semana. Segunda é sopa, terça é marmitex, quarta é pão e leite, quinta é sopa, sexta é marmitex.
    Em muitos casos, se você parar pra conversar com uma pessoa em situação de rua e convidá-la para ir até o SOS tomar um banho, dormir em uma cama, vai ouvir um NÃO categórico. Experiência que eu já vivi. A justificativa: Lá eu não posso fumar, não posso beber, tenho que tomar banho para dormir, eu prefiro ficar aqui mesmo. Outra situação, uma experiência quando era voluntária no operários da verdade ás sextas feiras no trabalho com moradores em situação de rua. Chegavámos com o pão e o leite que era só uma ponte para o trabalho real que, pra mim, era identificar a causa dessa situação, saber se a pessoa tinha sua documentação ok, se estava disposta a mudar de situação e contatar a família, e ouvia o seguinte, “eu tô bem aqui, ninguém enche meu saco, não tenho que aturar minha mãe, padastro, pai, irmã “ (qualquer parente que fosse), isso quando os encontravamos na cidade, porque muitos deles depois que comem e se alimentam recolhem-se em pontes, terrenos, casas abandonadas para dormir, e as vezes o trabalho de outro grupo cruzava o nosso trabalho, quando passavamso por volta das 21:00 22:00 horas, quase todos já haviam se alimentado e partido, apenas ficavam os que tinham perdido o “grupo de apoio” anterior . Nós eramos chamados e amarelinho!

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  4. Como tratar essa situação com medidas transformadoras? Sinceramente, só que pode dar o caminho é o morador que está em situação de rua, e acredite muitos deles não vão querer mudar, além do vicio a auto punição é também um motivo que os leva para a rua, se fizerem uma pesquisa irão constatar que muitos moradores têm passagem coma policia, que cumpriram suas penas e nunca mais procuraram a família, (por motivos dos mais diversos), você vai encontrar pessoas que estão tão magoadas com traições, violênicas de padastros, pais familiares em geral, que preferem morrer de fome, frio a predoar essas violências, você irá encontrar pessoas que gostam das facilidades, que se acomodaram, vai surgir cada história, eu mesma já conheci pessoas doutoradas em situação de rua por opção. Nem todos são coitadinhos, alguns são aposentados, recebem suas aposentadorias, guardam seus documentos em postos de gasolinas, com pessoas amigas e mesmo assim moram na rua. É um problema pra você, é um problema pra mim, mas nem sempre é um problema para a pessoa que se encontra nessa situação.
    Eu acho que deveriamos mudar alguns padrões de ações, ao invés de SOS, deveriamos criar “Casas da Cidadania”, com intervenções mais psicossociais e menos assistencialistas, terapias ocupacionais que gerem renda, trabalhos que resgatem e fortaleçam a dignidade humana, mas de nada adiantaria se esse trabalho não fosse desenvolvido em rede, NA, AA e outros grupos que dão apoio. Isso não é um trabalha para um ou outro, é um trabalho para todos.
    Grande abraço
    Fer

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