quinta-feira, 29 de julho de 2010

De Campo Limpo Paulista para o mundo: show de horror exclusivo

Meio que sem tempo pra escrever aqui, mas P-R-E-C-I-S-E-I parar agora pra escrever.

Há mais ou menos 20 anos quando mudei com meus pais para Campo Limpo Paulista tudo era diferente. Aliás, foi justamente por ser tão diferente que meus pais optaram por essa cidade.

Queriam mais qualidade de vida, uma educação mais livre e tranquila pra mim, que na época tinha mais ou menos 10 anos de idade. Era uma cidade bem diferente de São Paulo, onde nasci, onde morávamos e onde até hoje todos os meus parentes moram.

Pois bem, mudamos. No início era tudo tão pacato que depois de três anos voltamos para São Paulo. Por motivos maiores retornamos a Campo Limpo Paulista após um ano.

Bela época. Porém a cidade já sinalizava a violência, o crime, a malandragem, que antes, aqueles "caipiras" todos não passavam perto de possuir. Mas quem disse que esses malandros são os caipiras? Não, não são. Esses malandros, hoje, e de lá pra cá, são aqueles que entre tantos outros no Brasil não encontram oportunidade de uma educação de qualidade, emprego bem remunerado e acesso a lazer e cultura. São aqueles que no lugar de tudo isso encontram ofertas para ingressarem no mundo do crime. E quem banca essa ofertas? Não, não é a vida bandida, o mundo cruel. Na na ni na não. São os próprios homens.

O que se espera de uma cidade de pouco mais de 70 mil habitantes, onde o delegado é afastado por corrupção, onde o prefeito que é médico dirige uma cidade sem hospital e onde o ex-prefeito fez a promessa (e cumpriu) que revolucionou a região, "montando" uma favela para a classe D ao invés de investir em saúde, educação e cultura? O que se espera dessa pacata cidade? Não se espera nada. A propósito, essa favela chama-se São José. É um bairro de baixa renda, com moradores honestos que vivem o medo do convívio com os traficantes, integrantes do PCC, gente que mata e rouba com o endosso de autoridades que viram as costas para a minúscula fatia de pessoas do bem que SOBREvive dentro dos paupérrimos e sofríveis recursos e projetos que a prefeitura de Campo Limpo Paulista tem a honra de inaugurar em cerimõnias chinfrins.

E o que mais me deixa estupefata é que depois de alguns anos, agora formada jornalista com a maior satisfação do mundo, alguns colegas de profissão publicam em suas primeiras páginas na versão on line de seus impressos, chamadas como "Veja um assassinato ao vivo". E sabe do que se trata essa chamada? De um assassinato ocorrido na última terça-feira (27/07), às 19h30 em uma farmácia no bairro São José (aquele projetado pelo tal ex-prefeito para angariar votos dos miseráveis sem esperança vindos das cidades vizinhas). Então, veja bem: TERÇA-FEIRA, 19H30 dois caras entram na tal farmácia e disparam tiros no rosto de um cara de 42 anos. Simples assim. A polícia suspeita de vingança. A cidade está chocada, a imprensa chocada, o delegado se diz surpreso, o prefeito certamente nunca viu nada igual. Poxa, ainda mais em Campo Limpo Paulista, que fica tão perto de cidades modelo, com melhor clima do mundo etc etc etc.

Pois é. Além desses colegas de profissão darem chamada com um vídeo "exclusivo" (que toda a imprensa já teve acesso) do circuito interno da farmácia, publicarem isso com o maior orgulho do mundo, como se fosse uma exclusiva de um show MEGA no Pacaembu; além de esse caso certamente não ter resolução alguma; além de mais uma porção de coisas, o que mais me provoca indignação é que esses dois caras que saíram atirando e matando têm o endosso da sociedade. Sim, da sociedade, TAMBÉM. De todos nós que moramos e votamos na cidade de Campo Limpo Paulista.

2010 é ano de Eleição. É ano de NÃO COLOCAR MAIS NO PODER PESSOAS QUE PROJETAM FAVELAS. É ano de NÃO colocar mais no poder pessoas que negam educação de qualidade, saúde, emprego e cultura. É ano de NÃO colocar mais no poder pessoas que fecham os olhos para o crime. É ano de NÃO colocar mais no poder pessoas que usam esses marginais como segurança durante suas campanhas. É ano de NÃO colocar mais no poder o analfabeto, sobretudo o analfabeto moral. É ano de NÃO colocar mais no poder pessoas que estão se lixando para seus eleitores. É ano de, talevez, colocar no poder aquele que menos promete o que todos prometem. Ou talvez seja ano de NÃO COLOCAR ninguém no poder. Talvez seja ano de NÃO PERMITIR ninguém chegar lá. Talvez seja ano de começar a pensar igual gente grande.

É inaceitável o que aconteceu em Campo Limpo Paulista. É inaceitável a imprensa tratar de casos como esse como uma cobertura exclusiva megalomaníaca. É inaceitável a imprensa disputar exclusividade de um vídeo de circuito interno que mostra o assassinato de um homem de 42 anos (seja ele trabalhador, um marginal, um santo, um safado). É inaceitável a população vender seu voto, seu direito de escolha, seu pensamento, sua ideologia e filosofia. É inaceitável casos Eliza (do começo ao fim, seja ele qual for), é inaceitável casos Isabela Nardoni, é inaceitável casos Rafael Mascarenhas, é inaceitável um agente nazista matar 430 mil pessoas durante o Holocausto, é inaceitável a população encarar julgamentos como se tivessem assistindo a espetáculos culturais. É inaceitável essa desordem que (aposto) não é genuína do ser humano. Não pode ser.

Passou da hora de a sociedade, sobretudo a mais prejudicada, se movimentar. Fazer o movimento, em todos os sentidos, é imprescindível para a re-construção da civilização.

2 comentários:

  1. Karina quem será candidato em Campo Limpo com o novo projeto do Ficha Limpa? Eu acho tão trágico que chega a ser cômico, kkk! Só vamos orar a Deus e vigiar os homens, com esse novo projeto pode ser que comece aparecer um novo grupo de corruptos, aliás, aparecer públicamente, porque é um meio muito sujo em muitas cidades desse país, o mundo das pseudoleis, os "juristas"!
    Grande beijo

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  2. cresce e aparece falar e facil com certesa ele sabe pq morreu

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